Arábia Saudita, Rússia, Venezuela e Catar decidiram nesta terça-feira, em Doha, congelar sua produção de petróleo para estabilizar os preços, mas o anúncio não teve grande impacto nos mercados, que esperavam cortes.
A iniciativa, que prevê manter os níveis de produção nos níveis de janeiro, também está condicionada a que os outros grandes produtores se somem a ela.
"Com o objetivo de estabilizar os mercados petrolíferos, os quatro países decidiram congelar a produção ao seu nível de janeiro, desde que os outros grandes produtores façam o mesmo", declarou aos jornalistas o ministro catariano do Petróleo, Mohamed Saleh al Sada.
A iniciativa se propõe a "estabilizar o mercado, no interesse não apenas dos produtores e exportadores de petróleo, mas também da economia mundial", acrescentou.
Os países da OPEP e os que não são membros do cartel (como é o caso da Rússia) manterão contatos intensivos para implementar o acordo, disse Saleh.
O ministro saudita, Ali al Nuaimi, afirmou que o acordo constituía "o início de um processo que avaliaremos nos próximos meses, para decidir se são necessárias outras medidas para estabilizar o mercado".
"Não queremos variações de preços importantes. Não queremos cortar a oferta. Queremos responder à demanda e estabilizar os preços", ressaltou.
Pouco impacto
O anúncio provocou um leve aumento nas cotações do petróleo, mas não afetou muito as bolsas, que há meses vivem abaladas por incertezas em parte relacionadas à queda do preço do petróleo.
Às 11h24 GMT (09h24 de Brasília), o Brent do Mar do Norte para entrega em abril era negociado a 33,89 dólares o barril, em alta de 50 centavos em relação ao fechamento de segunda-feira.
No Intercontinental Exchange (ICE) de Londres, o "light sweet crude" (WTI), com entrega em março, subia 41 centavos, a 29,85 dólares.
"Não é conveniente exagerar o impacto desta decisão", disse à AFP Christopher Dembik, analista do Saxo Banque, ressaltando que outros grandes atores do setor, como os Estados Unidos, não estão incluídos no acordo.
Mas "sobretudo trata-se de um congelamento da produção, e não de um corte", razão pela qual será "insuficiente para absorver o excesso persistente da oferta no mercado".
"É provável que exista um aumento das cotações no curto prazo, mas no médio prazo os preços devem continuar sendo muito baixos", acrescentou.
O preço do barril caiu 47% em 2015 em relação ao ano anterior e mais de 70% em relação a junho de 2014, chegando a ser cotado neste ano abaixo dos 30 dólares.
A queda se deve em boa parte à estratégia da Opep (Organização de Países Exportadores de Petróleo) e em particular da Arábia Saudita de inundar o mercado para nocautear os produtores de petróleo e gás de xisto nos Estados Unidos.
Também se explica pela desaceleração da China, que vinha desempenhando um papel de motor da economia mundial.
Rodadas de contatos
O ministro catariano indicou que iniciaria contatos com os demais membros da Opep (Organização de Países Exportadores de Petróleo).
O ministro venezuelano, Eulogio del Pino, indicou que já havia uma reunião programada para quarta-feira com os ministros de Irã e Iraque.
A pressão sobre os preços se acentuou com o retorno do Irã ao mercado, após o fim das sanções impostas pelos países ocidentais a Teerã por seu programa nuclear. |